Margarida Maria Alves, Presente!
“Melhor morrer na luta do que morrer de fome”
Entre todas as mulheres que tombaram, lembramos hoje de Margarida Maria Alves, assassinada em 12 de agosto de 1983. Uma mulher trabalhadora rural nordestina, que rompendo com padrões tradicionais de gênero ocupou a presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba.
Margarida foi brutalmente assassinada na porta de sua casa por defender ideais libertários. Ela é nossa fonte inspiradora de luta e resistência, que enfrentou grandes latifundiários em defesa da classe trabalhadora.
Deixou um legado permanente de luta por direito a terra, trabalho, renda, igualdade, justiça e uma vida digna para as trabalhadoras e trabalhadores rurais. Legado este que nos desafia a avançarmos na defesa dos direitos das mulheres trabalhadoras, do campo, da floresta, das águas e das cidades e em ações que possam efetivamente contribuir para a construção e manutenção de um projeto de sociedade que seja pautado pela justiça, autonomia, igualdade e liberdade para as mulheres.
Em 2020, ano em que o assassinato de Margarida Alves completa 37 anos, estamos em luta também contra a morte de quase todos os direitos políticos, econômicos, sociais, ambientais, culturais conquistados ao longo de vários anos no Brasil, assim como continuamos em luta contra a violência que diariamente vitima várias outras Margaridas, seja no campo ou nas cidades.
Nossa indignação também nos inspirou e nos uniu na construção da Marcha das Margaridas que desde o ano 2000 reúne milhares de mulheres de todas as partes do país em ações coletivas protagonizadas pelas mulheres do campo, da floresta, das águas e das cidades, ações estas que integram uma agenda permanente de lutas dos movimentos sindical, feministas e de mulheres.
A Marcha das Margaridas, que traz em seu nome uma referência à Margarida Alves, completa 20 anos em um cenário altamente sombrio e ameaçador, que exige de nós uma maior capacidade de resistência, de continuar marchar em defesa de direitos tão duramente conquistados, marchar por igualdade, pelo fim da violência contra as mulheres, juventude negra, LGBTQIA+, em defesa da nossa tão jovem democracia, defesa da vida num contexto de uma pandemia que intensificou ainda mais as desigualdades e que a má gestão do sistema público de saúde do país pode ser tão letal quanto o próprio vírus.
Temos certeza de que nossa luta nem começou nem acabará aqui e assim seguiremos marchando contra todo conservadorismo que tem ameaçado a todas nós. Sabemos que temos uma conjuntura por demais desafiadora, mas sabemos também que temos uma infinita capacidade de nos unir e de juntas fazermos os enfrentamentos que são necessários.
Somos muitas, somos milhares e carregamos conosco acesa e ardente a chama da busca por liberdade, por igualdade, por justiça social.
E é nesse espírito de resistência que dizemos que Margarida Alves, símbolo de luta e inspiração, principalmente para nós mulheres trabalhadoras do campo e das cidades, está presente!
Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!
Créditos da publicação: Cláudia Maria dos Santos Ferreira, Assistente Social, Educadora Popular, militante da Marcha das Margaridas.
#PraCegoVer: Na imagem vemos um fundo que aparenta ser um céu, em cor azul claro e nuvens brancas. Na parte lateral esquerda temos uma fileira de margaridas, como símbolo das Marcha. “Na área central, na cor preta os dizeres: 12 de agosto, dia de luta contra a violência no campo e por reforma agrária”. Mai abaixo na cor verde uma frase emblemática de Margarida Alves: “Melhor morrer na luta do que morrer de fome”. Na parte inferior na cor branca e fundo roxo: “20 anos da Marcha das Margaridas, 34 anos do assassinato de Margarida Alves”. Por fim, na parte superior esquerda a logo da atual gestão, e na inferior direita a logo do CRESS/DF.