20 de novembro de 2022
Diante da atual conjuntura política em que se disputa o cenário dos direitos humanos a partir de um avanço neoliberal e conservador, se denota a necessidade de repensar agendas críticas de atuação no campo do Serviço Social. Segundo Iamamoto (2012) a necessidade de adequar a profissão através das necessidades de seu tempo, considerando a contemporaneidade, a fim de mobilizar transformações sociais que impactem no projeto societário de forma crítica e analítica.
Os processos históricos brasileiros devem considerar os indicadores sociais da atualidade e as construções sociais que impactam seus resultados, e isso incide em colocar o racismo no centro das discussões de avanço e garantia dos direitos humanos no Brasil. Sendo a população negra o maior índice populacional brasileiro, informações do IBGE de 2018 apontam que a população negra compõe cerca de 64,2% da população desocupada e aproximadamente 66,1% dos trabalhadores subutilizados. tendo em mente que a população negra representa 54,9% da força de trabalho no Brasil e que é a maioria da população brasileira aproximadamente 55,8%. Em torno de 47,3% da população negra trabalham na informalidade, enquanto o índice de trabalhadores brancos é de 34,6 %. Em termos de rendimentos 45,3% dos trabalhadores negros ocupam os postos de menor remuneração.
A disparidade racial porquanto, se mantém como um fenômeno social arraigado no cenário brasileiro, sustentando por tecnologias coloniais que se inscrevem na colonialidade e subsidiam relações sociais com base no poder de hierarquia de raças que determina historicamente a população negra como um grupo social aniquilado, tratado de forma desumana e subalterna. Sueli Carneiro (2011) aborda os direitos humanos através de uma análise racializada que reflete no fato de o negro ainda sequer possuir reconhecimento de sua humanidade.
O Código de Ética e o Projeto Ético Político do Serviço Social são instrumentos legais que possibilitam não apenas a autonomia relativa da profissão, mas também bases de disputa no campo das respostas sociais e raciais. São fundamentais para fortalecer a atuação também as manifestações coletivas da categoria, a articulação com outras categorias profissionais e entidades coletivas, bem como, o espaço de construção teórico e metodológico no ensino universitário, no qual se mantém as disputas para conceber a dialética marxista. Dentre os marcos históricos para a inserção do racismo enquanto uma função profissional se encontra o CE – que institui temáticas centrais para a elaboração da categoria, dentre elas o enfrentamento do racismo.
É importante enquanto profissionais da política de assistência social trazer a centralidade das questões de gênero e raça para nosso cotidiano e atuação profissional, considerando que a maior parte do público que atendemos são mulheres e negras. Entender essas sobreposições de opressões e fundamental para o Assistente Social. Assim devemos ser profissionais essencialmente engajados na luta antirracista, denunciando e não minimizando qualquer ato racista.
GT RAÇA E ETNIA – CRESS/DF
Gestão 2020-2023 – Ainda há tempo: vamos resistir e transformar!
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